top of page

 

 

Madeline Walton

 

Todos temos nossos kinks. E kinks são diferentes. No universo dos fetiches, há para todos os gostos e não poderia ser diferente, já que se busca justamente uma liberdade de realização íntimo-sexual que não se encontra facilmente na forma baunilha de entendimento das relações. É importante lembrar, no entanto, que nem tudo depende apenas da vontade - há outras variáveis envolvidas. A mais contundente delas, bem como a mais limitadora e libertadora, de acordo com a ausência ou presença, é a financeira.

 

Antes de analisarmos, assim, o custo dos equipamentos básicos utilizados para o BDSM, cabe aqui um disclaimer: todo equipamento BDSM deve ser testado e aprovado no sentido de não provocar no corpo do bottom um efeito indesejado ou lesão de qualquer espécie. Independente de ser o material adquirido de fabricantes de artigos do gênero, de sexshops ou de fabricação própria, o matéria deve se apresentar integro e normas de higiene e saúde devem ser observadas. Assim, objetos que são utilizados para causar sangramentos (sendo os mais comuns determinados tipos de chicotes e canes) não devem ser compartilhados. Para cenas públicas, preza-se pelo discernimento e informação do Top em não causar tais ferimentos por questões óbvias de saúde pública. Sempre é bom lembrar que o BDSM é feito de pessoas para pessoas, e pessoas sempre trazem consigo uma série de fragilidades e determinados comportamentos ordem levar à disseminação de doenças. Objetos afiados utilizados para curinga (como bisturis) devem ser utilizados apenas uma vez e descartados em recipientes próprios e entregues em estabelecimentos de saúde. Fica, aí, meu apelo por uma vivência mais saudável. Mas, prossigamos.

 

Nem todos somos personagens multimilionárias saídas de livros que abordam a temática BDSM. Assim, o praticante iniciante pode encontrar dificuldades grandes ao se deparar com os valores salgados dos equipamentos. Como ilustração, um flogger de qualidade pode ter um preço elástico de 60 a 210 reais e a realidade econômica do brasileiro muitas vezes não oferece condições para gastos cinco, seis vezes esse montante. Levo isso em consideração ao escrever este texto, que tem a intenção de deprimir o querido leitor, mas de oferecer soluções - criatividade no DO IT YOURSELF.

 

Um cinto trançado pode se tornar um bom flogger uma vez desfiado. As tiras de couro podem ser amolecidas com produtos de tratamento, facilmente adquiridos em lojas especializadas em artigos de couro; ou ainda endurecidas com a aplicação de parafina líquida ou goma que podem ser feitas em casa. O mesmo material, desta vez em tiras maiores e de largura de acordo com a intenção de uso, pode ser trançado e tornar-se um excelente bullwhip. Um bom horsewhip (a famosa chibata) podeser feito usando-se madeira e um pedaço de couro curtido preso em forma de U. Canes podem ser feitas de material comprado em petshops ouvindo aproveitando o que a exuberante flora brasileira oferece - lembrando que o potencial da cane está em sua maleabilidade.

 

Outro produto facilmente adaptável são as palmatórias, facilmente substituíveis por itens que vão desde utensílios de cozinha até brinquedos e borracha de chinelos. Eu prefiro retirar o material e reconstruí-lo, em vez de utilizar um chinelo, por exemplo, para descaracterizá-lo - dai a não utilização de chinelos ou cordas ou cintos, mas apenas do material do qual são feitos. Retirá-los de seu uso cotidiano e inserir neles um novo significado.

 

Mais uma vez, kinks são kinks. Há praticantes que têm uma preferência por materiais mais criativos, fetiches por determinados elementos encontrados, digamos, na cozinha ou no banheiro. Muitos praticantes, entretanto, têm uma predileção por materiais livres de significados. Eu trânsito entre os dois mundo facilmente, mas é fácil ver a sedução de um belo chicote e de uma cane de ponta de aço. Há indivíduos mais visuais, outros mais cinestésicos, outros mais auditivos, outros mais olfativos e tantos e tantos outros. A confecção ou até mesmo a aquisição de acessórios fica mais interessante se observadas as sensações dos parceiros, respeitando-se os kinks.

 

A intenção deste texto é a de introduzir algumas ideias para a confecção de brinquedos. Não pretendo sobremaneira estabelecer regras ou dar direções únicas e imutáveis a quem quer que seja, mas abrir portas para a criatividade que você, querido leitor, tem dentro de si, seja você um Top ou um bottom, e que você seja encorajado a usar essa criatividade para a expressão e satisfação de eus fetiches. Não será o preço dos equipamentos que vai prejudicar uma sessão - sendo o objeto feito de forma segura e observados as regras básicas de integridade física e mental, vamos em frente. E não se esqueça: primeiros socorros é matéria obrigatória para BDSMers. Não quebrem seus brinquedos. Boa play.

 

 

Improvisando no BDSM - do it yourself!

bottom of page